As consequências e o impacto da discriminação e dos crimes de ódio são profundos e multifacetados — afetando não apenas as vítimas diretas, mas também comunidades inteiras e a própria coesão social. Para além do impacto concreto em termos de exclusão e limitação de acesso a oportunidades e direitos, o impacto psicológico e social é profundo.
O impacto destes actos é ainda mais acentuado quando as vítimas não têm mecanismos de denuncia eficaz e sistemas de apoio e protecção adequados.
O conceito de “ondas de dano” (Ignaski, 2001) aqui esquematizado, ilustra a extensão do impacto destes actos:
A discriminação e os crimes de ódio constituem um ataque a características de identidade da vítima (e/ou da sua comunidade de pertença). São actos cometidos com base em preconceitos e atitudes negativas sobre o que a pessoa é e que por isso têm um impacto mais profundo que outras formas de violência. Afetam severamente a auto-imagem, o sentimento de segurança e inclusão, uma vez que transmitem a ideia de que a pessoa tem menos valor que outras e que não pertence ao contexto social onde se encontra.
O impacto psicológico é também mais severo que outras formas de violência, levando por exemplo a sintomas mais acentuados de ansiedade e depressão, perda de confiança e aumento do sentimento de vulnerabilidade, raiva, isolamento ou evitamento de determinados locais e situações.
A perpetração de atos discriminatórios contra uma pessoa pelas suas características pode influenciar negativamente o bem–estar e a auto-estima de outras pessoas que partilham as mesmas características, podendo estas vítimas indiretas sentir um impacto semelhante a nível psicológico e social. Os actos de violência discriminatória têm frequentemente o objectivo de transmitir uma mensagem intimidatória a um grupo ou comunidade que partilha as mesmas características, passando a ideia de que pessoas como aquela(s) vítima(s) directas não são bem-vindas e que estão em risco de ser alvo dos mesmos actos. Estas vítimas indirectas podem desenvolver sentimentos de vulnerabilidade, raiva, ansiedade e também evitamento ou comportamentos focados na segurança pessoal. O sentimento de segurança diminui, podendo ainda aumentar o sentimento de estigmatização e rejeição da comunidade, potenciando tensões e isolamento social.
As práticas discriminatórias e os actos de violência por motivo discriminatório, sobretudo quando não são combatidos e punidos, afectam negativamente os valores democráticos e enfraquecem a confiança social. Ao contrário de outras formas de violência, a discriminação cria sistemas de exclusão que afetam a coesão social e a ideia de justiça, tendo efeitos negativos em todas as dimensões da sociedade.