Consequências da violência

A violência doméstica afeta não apenas a vítima, mas também familiares, amigos e testemunhas.
Inicialmente, as vítimas podem sentir-se confusas, com medo, solidão e em estado de choque. A longo prazo, podem desenvolver ansiedade, depressão, insónias, stress pós-traumático e perda de autoestima. Estes sentimentos são respostas normais a uma experiência traumática.

É crucial reconhecer esses impactos para oferecer o apoio necessário à vítima e ao seu círculo próximo, ajudando na recuperação da vítima e na quebra do ciclo de violência.

Cada pessoa que passa por uma situação de violência doméstica reage de forma diferente, dependendo de vários fatores, como:

  • O tipo e a gravidade dos abusos sofridos;
  • Experiências anteriores de violência ou trauma;
  • Estratégias utilizadas para lidar com a situação e sobreviver;
  • Outros fatores de stress na vida pessoal e profissional;
  • O apoio – ou a falta dele – por parte da família, amigos e serviços especializados.

Consequências Físicas

Os efeitos físicos incluem não apenas os resultados diretos das agressões sofridas pela vítima (fraturas, hematomas, etc.), mas também respostas do corpo ao stress a que foi sujeito. No entanto, estas reações não aparecem todas, nem todas ao mesmo tempo e a sua intensidade poderá variar de pessoa para pessoa.

A violência doméstica pode resultar em várias consequências físicas, dos quais se destacam:

  • Contusões e hematomas: Lesões visíveis causadas por agressões físicas, como empurrões ou murros.
  • Fraturas e entorses: Quebras ósseas e lesões musculares, frequentemente resultantes de agressões violentas.
  • Cortes e ferimentos: Lesões abertas causadas por objetos cortantes ou pela força física.
  • Problemas musculares e articulares: Dores crónicas, rigidez muscular ou dificuldades de movimento devido à violência repetida.
  • Dores de cabeça e enxaquecas: stress e trauma físico que podem resultar em dores intensas de cabeça.
  • Distúrbios do sono: insónia ou pesadelos devido ao trauma psicológico e físico da vitimação.
  • Problemas gastrointestinais: Dores abdominais, náuseas e outros distúrbios devido ao impacto do stress prolongado.

Consequências Psicológicas

A violência psicológica pode ter consequências profundas e duradouras na vida da vítima. Embora não deixe marcas físicas, os efeitos emocionais e psicológicos podem ser tão graves quanto os de outros tipos de violência.

Algumas das principais consequências incluem:

  • Baixa autoestima e autoconfiança: a vítima começa a duvidar de si mesma e do seu valor, o que pode levar a uma sensação constante de inadequação.
  • Ansiedade e stress: o medo constante, as ameaças e o ambiente de tensão podem causar níveis elevados de ansiedade e stress, resultando em dificuldades para relaxar e concentrar-se.
  • Depressão: a humilhação constante, o isolamento social e a manipulação emocional podem levar à depressão profunda, com sentimentos de desesperança e desespero.
  • Transtornos do sono: a vítima pode desenvolver insónia, pesadelos ou dificuldades para dormir devido ao estado emocional perturbado causado pela violência.
  • Dúvidas sobre a própria perceção: A pessoa agressora faz com que a vítima duvide da sua própria realidade, o que pode gerar confusão mental e desorientação, tornando difícil para ela perceber se está ou não sendo abusada.
  • Dificuldade em manter relacionamentos:  manipulação emocional e o controle podem tornar difícil para a vítima confiar nos outros ou formar novas relações saudáveis.
  • Comportamentos autodestrutivos: algumas vítimas podem desenvolver comportamentos autodestrutivos, como automutilação ou abuso de substâncias, como forma de lidar com o sofrimento emocional.

Estas consequências podem afetar a qualidade de vida da vítima, prejudicando as suas relações pessoais, profissionais e até a sua saúde física.

Consequências Sociais

A violência doméstica tem impactos profundos não apenas na vítima, mas também nas suas relações sociais e no seu ambiente. As consequências sociais podem ser devastadoras, afetando a vida pessoal, profissional e comunitária da vítima.

Algumas das principais consequências sociais incluem:

  • Isolamento social: a pessoa agressora muitas vezes impede a vítima de manter relações com familiares, amigos ou colegas, criando um ambiente de isolamento. A vítima pode sentir-se sozinha, sem apoio emocional e social.
  • Dificuldades nos relacionamentos interpessoais: a vítima pode desenvolver desconfiança em relação aos outros e dificuldades em formar ou manter novas relações devido ao trauma da violência.
  • Estigma e vergonha: muitas vítimas sentem vergonha ou medo de ser julgadas pela sociedade, o que pode levar ao estigma e à vergonha. Isso pode impedir a vítima de procurar ajuda ou de falar sobre a violência que está a viver.
  • Prejuízos profissionais: a violência doméstica pode afetar o desempenho no trabalho, resultando em absenteísmo, queda de produtividade ou até perda de emprego. A vítima pode também sofrer com dificuldades para concentrar-se ou lidar com o stress e a ansiedade resultantes da violência.

Consequências para Testemunhas e Familiares

A violência doméstica não afeta apenas a vítima, mas também testemunhas e os familiares.
As consequências para essas pessoas podem ser profundas e duradouras.

Alguns dos impactos incluem:

  • Impacto emocional e psicológico: as testemunhas, especialmente crianças, podem sofrer traumas emocionais profundos ao testemunharem a violência. Podem sentir medo, ansiedade, culpa ou até mesmo vergonha. A presença constante de agressões pode levar ao desenvolvimento de problemas psicológicos, como depressão, stress pós-traumático e dificuldades de regulação emocional.
  • Isolamento social: familiares e amigos da vítima podem, muitas vezes, ser isolados pela pessoa agressora. A vítima pode ser pressionada a afastar-se de todos ao seu redor, o que também pode afetar o apoio social dos familiares e testemunhas.
  • Dificuldades nas relações familiares: a violência doméstica pode gerar tensões familiares, com membros da família a sentir-se impotentes para ajudar a vítima ou a testemunharem o sofrimento da vítima e dos filhos. A dinâmica familiar pode ser alterada, e pode haver conflitos em torno de como apoiar a vítima.
  • Problemas financeiros: quando há filhos ou outros familiares dependentes da vítima, a instabilidade financeira também pode afetá-los, já que a pessoa agressora muitas vezes controla a situação económica. Isso pode criar dificuldades para todos os envolvidos na família.